A hepatotoxicidade do nimesulida traduzida em intoxicações fatais e não fatais
Os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) são fármacos amplamente utilizados devido às suas propriedades analgésicas, antipiréticas e anti-inflamatórias. Nesta classe inclui-se o nimesulida, o qual é frequentemente utilizado no tratamento de cefaleias, dores musculares ou dores de dentes. O seu...
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Format: | Article |
Language: | English |
Published: |
Rede Académica das Ciências da Saúde da Lusofonia - RACS
2025-06-01
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Series: | RevSALUS |
Subjects: | |
Online Access: | https://revsalus.com/index.php/RevSALUS/article/view/1033 |
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Summary: | Os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) são fármacos amplamente utilizados devido às suas propriedades analgésicas, antipiréticas e anti-inflamatórias. Nesta classe inclui-se o nimesulida, o qual é frequentemente utilizado no tratamento de cefaleias, dores musculares ou dores de dentes. O seu efeito terapêutico resulta da inibição da enzima cicloxigenase tipo 2 (COX-2), a qual é importante para a síntese de prostaglandinas [1]. Adicionalmente, a sua utilização está associada a hepatotoxicidade severa, traduzida por inúmeros casos de intoxicações fatais e não fatais [2].
A hepatotoxicidade define-se como um dano no fígado, resultando, geralmente, na indução de mutações, as quais podem desencadear efeitos carcinogénicos. Entre os principais mecanismos envolvidos na hepatotoxicidade incluem-se o aumento do stress oxidativo, a formação de metabolitos reativos, o dano direto para os hepatócitos e a indução de um estado inflamatório crónico, os quais podem culminar em morte das células hepáticas.
A hepatotoxicidade do nimesulida tem sido amplamente estudada desde a sua introdução no mercado [2]. Assim, os riscos de toxicidade hepática relacionados com o uso deste AINE desencadearam a implementação de diversas medidas restritivas à sua comercialização e administração em vários países [2]. Na Europa, o uso de nimesulida encontra-se limitado, enquanto nos Estados Unidos e no Japão a sua comercialização é totalmente proibida [3,4]. No entanto, não se encontram disponíveis os dados relativos à tipificação das intoxicações e fatalidades associadas à hepatotoxicidade do nimesulida.
Este trabalho pretendeu rever, de forma sistemática, a informação constante na literatura acerca das intoxicações e fatalidades associadas ao nimesulida registadas no século XXI, por forma a aferir o real impacto deste AINE na saúde humana.
pesquisa bibliográfica foi realizada nas bases de dados “PubMed”, “Google Scholar”, “Scopus”, “Sage Portals”, e “Web of Science”. Foram utilizadas as seguintes palavras-chave: “Hepatotoxicity AND Nimesulide”, “Case Report Nimesulide” e Hepatotoxicity AND Case Report”. Dos 35 artigos encontrados, 21 foram excluídos por não reportarem casos individuais. Assim, foram consideradas para esta análise um total de 14 artigos. Para cada artigo foi feita a recolha de dados relativos ao tipo de intoxicação (fatal ou não-fatal), à idade e ao género dos indivíduos, à posologia de nimesulida utilizada, ao tipo de lesão hepática desencadeada, ao histórico de saúde hepática e ao país/região onde ocorreu.
De acordo com os casos analisados, as intoxicações por nimesulida são mais frequentes em indivíduos do sexo feminino e em idades mais avançadas (70-79 anos). Não foi observada uma relação entre o histórico de saúde hepática e o tipo de lesão causada pela nimesulida. Adicionalmente, a administração de nimesulida com outros fármacos resultou, frequentemente, em colestase hepática, possivelmente devido a interações farmacológicas.
Esses resultados evidenciam a necessidade de uma monitorização cuidada da utilização terapêutica de nimesulida, particularmente em grupos de risco, em indivíduos com idades mais avançadas e em casos de tratamento prolongado.
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ISSN: | 2184-4860 2184-836X |