A contemporaneidade de Benjamin e Brecht após o período histórico das vanguardas

No debate alemão contemporâneo sobre o teatro, o nome de Brecht é geralmente visto como um negativo daquilo que se quer propor para os rumos de uma prática teatral que se emancipe dos parâmetros legados pelas vanguardas históricas. Por um lado, como na crítica encabeçada por Christoph Menke, Brecht...

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Bibliographic Details
Main Author: Daniel Alves Gilly
Format: Article
Language:Portuguese
Published: Universidade Federal Fluminense 2025-06-01
Series:Viso
Subjects:
Online Access:https://revistaviso.com.br/ojs/index.php/viso/article/view/627
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Description
Summary:No debate alemão contemporâneo sobre o teatro, o nome de Brecht é geralmente visto como um negativo daquilo que se quer propor para os rumos de uma prática teatral que se emancipe dos parâmetros legados pelas vanguardas históricas. Por um lado, como na crítica encabeçada por Christoph Menke, Brecht conservaria em seus trabalhos uma concepção idealista de prática, sobre a qual se sustentaria a promessa de uma traduzibilidade da experiência corpórea do teatro para uma estratégia revolucionária racionalizada. Em outra leitura, a de Hans-Thies Lehmann, a presença de um cosmos ficcional no teatro épico apontaria para o pertencimento desta forma ao universo simbólico da modernidade, o que atenuaria a radicalidade do gesto brechtiano como irrupção corporal, “pós-dramática”, em direção a um teatro liberto das convenções de uma tradição racionalista. A ambas leituras, gostaria de propor, com esta apresentação, uma reconsideração dos textos de Walter Benjamin sobre as obras de Brecht nos quais é apresentada uma concepção do gesto que não se esgota em sua aplicação no interior de uma apresentação ficcional. Ao contrário, Benjamin aponta para uma relação entre corpo e técnica no teatro épico que não só já questiona um modelo de modernidade problematizado pela discussão contemporânea, mas que também se posiciona neste debate como contraponto tanto a um teatro enquanto pura corporeidade não mediada (Lehmann) quanto a uma cerrada autonomia do drama (Menke).
ISSN:1981-4062